Diário de Bordo I - Museus, Índios e Fantasmas


Muitos não conhecem a existência do Museu de Arqueologia e Etnografia da Bahia (MAE). As novidades dessa ida ao museu foram desde o começo. Para uma estudante da UFBA, eu não sabia que o museu era administrado pela universidade, um ponto importante uma vez que muitos desses locais não conseguem ficar ativos pela pouca contingência de visitantes. Ao pesquisar mais a fundo sobre o MAE, em uma entrevista o diretor do museu afirma que somente 3 a 4% dos visitantes são estudantes da UFBA e os maiores públicos são de passeios promovidos por escolas, se for rede pública fica isento, com isso os demais usuários que ajudam a manter o local com fundos, ademais, quase não há visitação por parte dos turistas apesar de estar localizado no centro histórico da cidade. Todavia, a necessidade de marcar presença e ocupar o espaço público é fator determinante para a preservação de uma história e comprovações práticas de linhas de pensamentos. Especificamente no museu etnográfico, consegui analisar a continuidade devido ao zelo por partes dos arqueólogos em especial aos povos indígenas. Dentre isso, o que mais me chamou atenção foi a preocupação pelas ações fúnebres. Com as várias distinções de tribos indígenas, boa parte senão toda, demonstrou a delicadeza pelos falecidos, como a construção de sambaquis, onde os nativos empilhavam os corpos e colocavam conchas por cima, virando enormes santuários e posteriormente sítios arqueológicos que tinham alturas de cerca de 20 a 25m. Já outros nativos costumavam guardar os corpos e seus pertences como arcos e flechas em vasos de cerâmica chamados de camucis, o que comparamos hoje a um caixão. 

Saindo do MAE, a turma foi ao MAFRO – Museu afro brasileiro, onde visualizamos esculturas do artista Carybé e agregou conhecimento também quando adentramos à primeira exposição que retratava as consequências caóticas do racismo e as teóricas dores que um negro sente no cotidiano em meio a esse Brasil com discriminação racial, xenofobia e criminalidade nas periferias. Para finalizar, andamos por algumas ruas e vimos a prática explícita da fantasmagoria. A percepção das mudanças de imagens no mesmo cenário em virtudes da passagem do tempo é uma experiência instigante pois vemos na realidade dois mundos distintos que fazem parte de um único meio. A ida ao Glauber Rocha corroborou esta tese. Anos anteriores podia-se assistir um filme no espaço Cine Guarani que depois foi renomeado para Cine Glauber Rocha onde podia-se assistir clássicos da filmografia nacional e internacional. Hoje já reformado e com estrutura adaptada ao século XXI, o cinema leva o nome de Espaço Itaú de cinema, mas popularmente ainda conhecido como Glauber.

Comentários

  1. Oi Ana! Me diverti com essa ideia da prática explícita da fantasmagoria! Rs . Não entendi o que você quis dizer por "as teóricas dores que um negro sente" Você acha mesmo que a violência e a discriminação racial são teoria?

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