Na nossa primeira caminhada fantasmagórica, pelo Largo do
Terreiro de Jesus e adjacências, eu tive uma série de reflexões e um misto de sentimentos. Todos muito bons, devo dizer. Sinto a necessidade de começar falando que eu considero a música tão
parte da minha vida quanto a necessidade de me alimentar, por isso sempre digo
que a música me alimenta o corpo e a alma. Entendendo a música como sendo um
tecido de sons, percebi que para este projeto vou precisar desvincular esse
conceito da ideia que tenho sobre o som, considerando que este pode ser o canto
dos pássaros, a conversa de um grupo de pessoas, ou até mesmo o rangido
produzido pelo atrito entre os pneus do carro e o chão.
Naquele dia, pra variar, eu me atrasei. Enquanto eu estava
tendo o milésimo colapso conflituoso do dia, ainda na UFBA, parte (ou a grande
maioria) dos colegas e a professora Paola já haviam chegado ao Museu de
Arqueologia e Etnologia da Universidade Federal da Bahia. Entre os alternados
pensamentos de ir e não ir, descobri que estava dividindo o palco com outra
estrela no show dos atrasados. Sara. Juntamos o que sobrou da nossa força de
vontade e decidimos ir.
Ao chegar no Terreiro de Jesus, fomos direto ao Museu
Afro-Brasileiro. Foi um grande impacto descobrir e já ter o privilégio de
vivenciar aquele espaço de cultura, conhecimento, luta, resistência e de
perceptível energia espiritual (a colher mística-científica da professora não me deixa mentir). As coisas que a moça que nos guiava falava
faziam todo sentido do mundo, eu conseguia compreender cada palavra, cada
mensagem, era tudo muito familiar e novo, ao mesmo tempo. Para mim, foi uma
experiência além de uma pesquisa de campo ou algo do tipo, foi uma caminhada
sonora, onde pudemos ver através da escuta. Não posso deixar de falar sobre o enriquecimento artístico que o MAFRO me proporcionou. Enfatizo que eu absorvi tudo. Acho que estou começando a entender
o conceito e me sinto mais animado do que nunca para isto.

Que escrita cheia de bossa! Para ler sorrindo!
ResponderExcluir