solitudine

De todas as coisas que vi e ouvi sobre o Cine Pax na baixa dos sapateiros o que mais me impressionou foi o seu vazio. O cinema tem aberturas discretas por fora, mas tem uma vasta imensidão e gloriosidade por dentro. A sensação que eu tive ao entrar, e ter essa visão que é mostrada nos videos, é de que eu estava sendo engolida por uma energia muito forte de duas mil pessoas que passavam por ali todos os dias, que se divertiam e riam ali, e que depois deixaram ali abandonado um lugar com as marcas e reações desse público. Eu me senti imensamente sozinha naquele lugar, uma solidão que me engolia, um silêncio que dava medo. Não senti nojo dos entulhos, dos insetos ou dos dejetos dos pombos que ali moram, senti medo de toda aquela solidão que pairava no ambiente e parecia querer me contagiar, me fazer refletir, me fazer ouvir as risadas de quem já riu ali ou o choro de quem já chorou. Diante de toda aquela solidão eu vi o desperdício de um lugar cheio de potencial e grandiosidade. Um lugar que poderia ser útil para a comunidade do centro, mas está sozinho e abandonado.

Comentários

  1. a solidão que parece nos engolir... como transformar esse sentimento, essa sensação em uma potência poética, de criação?

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