É assim, nestas circunstâncias, que adquire
ainda maior relevância a valorização da alteridade
urbana, do Outro urbano que resiste à pacificação
e desafia a construção destes pseudosconsensos publicitários. São esses vários outros que, por sua
simples presença e prática cotidiana, explicitam
conflitos e provocam dissensos, aqueles que Milton
Santos chamou de homens lentos, que Ana Clara
Torres Ribeiro chama de sujeitos corporificados
e Michel de Certeau de praticantes ordinários
das cidades. São aqueles que habitam essas zonas
opacas da cidade, “espaços do aproximativo e da
criatividade” como dizia Santos, zonas escondidas,
ocultadas, apagadas ou tornadas opacas – por
todas essas estratégias de marketing que criam
imagens urbanas pacificadas e consensuais – ,
zonas que resistem por trás dos cartões postais das
cidades espetaculares contemporâneas. As imagens
consensuais não conseguem, felizmente, apagar
totalmente essa Outra cidade opaca, intensa e viva
que se insinua nas brechas, margens e desvios do
espetáculo urbano pacificado.
“Quando se pede em um grupo que alguém narre alguma coisa, o embaraço se generaliza. É como se estivéssemos privados de uma faculdade que nos parecia segura e inalienável: a faculdade de intercambiar experiências.” (BENJAMIN, 1985, original de 1936)
“poetizar do urbano
AS RUAS E AS BOBAGENS
DO NOSSO DAYDREAM DIÁRIO
SE ENRIQUECEM
VÊ-SE Q ELAS NÃO SÃO BOBAGENS NEM TROUVAILLES SEM CONSEQUÊNCIA
SÃO O PÉ CALÇADO PRONTO PARA O DELIRIUM AMBULATORIUM
RENOVADO A CADA DIA”
(OITICICA, 1978).
O errante, então, é aquele que busca um estado de corpo errante, que experimenta a cidade através das errâncias, que se preocupa mais com as práticas, ações e percursos, do que com as representações, planificações ou projeções.
O que proponho aqui é uma combinação entre errância e escavação. Um trabalho de memória.
"saber subjetivo, lúdico, amoroso."
uma antropologia da cidade contemporânea em transformação.
transformar o que é, a princípio, banal em super real: surreal.
esse tipo de etnografia urbana antropofágico-surrealista, que poderia ser vista como um presságio do que os errantes situacionistas chamaram depois de ‘psicogeografia” (JACQUES, 2003), a partir da prática de derivas e da criação de mapas psicogeográficos.
"Além de propor e jogar, os errantes buscam também transmitir essas experiências através de suas narrativas errantes."
"as propriedades de se perder, da lentidão e da corporeidade"
"toda a educação do urbanismo está voltada para a questão do se orientar"
"orientação, desorientação e reorientação" - desterritorialização e reterritorialização
"As experiências de apreensão e investigação do espaço urbano pelos errantes e, em particular, as narrativas errantes resultantes – artísticas, literárias, etnográficas, cinematográficas ou cartográficas – apontam, portanto, para uma possibilidade de urbanismo mais incorporado. Estas narrativas funcionam como um tipo de contra-produção de subjetividades que embaralha um pouco algumas certezas, preconceitos e estereótipos do pensamento urbanístico. A experiência errática da cidade, como possibilidade de experiência da alteridade urbana, e as narrativas errantes, como sua forma de transmissão, podem operar como um potente desetabilizador das partilhas hegemônicas do sensível e das atuais configurações anestesiadas dos desejos."
“Quando se pede em um grupo que alguém narre alguma coisa, o embaraço se generaliza. É como se estivéssemos privados de uma faculdade que nos parecia segura e inalienável: a faculdade de intercambiar experiências.” (BENJAMIN, 1985, original de 1936)
“poetizar do urbano
AS RUAS E AS BOBAGENS
DO NOSSO DAYDREAM DIÁRIO
SE ENRIQUECEM
VÊ-SE Q ELAS NÃO SÃO BOBAGENS NEM TROUVAILLES SEM CONSEQUÊNCIA
SÃO O PÉ CALÇADO PRONTO PARA O DELIRIUM AMBULATORIUM
RENOVADO A CADA DIA”
(OITICICA, 1978).
O errante, então, é aquele que busca um estado de corpo errante, que experimenta a cidade através das errâncias, que se preocupa mais com as práticas, ações e percursos, do que com as representações, planificações ou projeções.
O que proponho aqui é uma combinação entre errância e escavação. Um trabalho de memória.
"saber subjetivo, lúdico, amoroso."
uma antropologia da cidade contemporânea em transformação.
transformar o que é, a princípio, banal em super real: surreal.
esse tipo de etnografia urbana antropofágico-surrealista, que poderia ser vista como um presságio do que os errantes situacionistas chamaram depois de ‘psicogeografia” (JACQUES, 2003), a partir da prática de derivas e da criação de mapas psicogeográficos.
"Do ponto de vista situacionista, a arte ou é revolucionária ou não é nada."
"Além de propor e jogar, os errantes buscam também transmitir essas experiências através de suas narrativas errantes."
"as propriedades de se perder, da lentidão e da corporeidade"
"toda a educação do urbanismo está voltada para a questão do se orientar"
"orientação, desorientação e reorientação" - desterritorialização e reterritorialização
"As experiências de apreensão e investigação do espaço urbano pelos errantes e, em particular, as narrativas errantes resultantes – artísticas, literárias, etnográficas, cinematográficas ou cartográficas – apontam, portanto, para uma possibilidade de urbanismo mais incorporado. Estas narrativas funcionam como um tipo de contra-produção de subjetividades que embaralha um pouco algumas certezas, preconceitos e estereótipos do pensamento urbanístico. A experiência errática da cidade, como possibilidade de experiência da alteridade urbana, e as narrativas errantes, como sua forma de transmissão, podem operar como um potente desetabilizador das partilhas hegemônicas do sensível e das atuais configurações anestesiadas dos desejos."



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