Cajafantasma

Graffiti de Snay, Black e Scanf.







No dia 02 de setembro de 2017 aconteceu no bairro de Cajazeiras 10 uma intervenção artística de graffiti, como culminância de um período de pesquisas a respeito de fantasmagorias presentes na história desse imenso bairro localizado na periferia de Salvador.

Cajazeiras tem uma história que começou ainda no Brasil Império, quando os negros se abrigavam no Quilombo do Buraco do Tatu, situado nas imediações do bairro e que se estendiam da Valéria a Itapuã. Foi após a destruição desse quilombo que grandes fazendeiros herdaram essas terras que, em meados dos anos 70, foram desapropriadas para que um conjunto habitacional fosse construído. Esse conjunto foi projetado para abrigar servidores públicos estaduais e possibilitar a habitação próximo ao município de Lauro de Freitas. Desse modo, o bairro de Cajazeiras foi inaugurado em 1985, com mais de 18 mil habitações. 

A ação artística que aconteceu foi pensada de modo a chamar a atenção da população de Cajazeiras para a importância de conhecer o passado de resistência  desse território, haja vista que esse bairro é o segundo maior em população negra de Salvador, ficando atrás apenas de Pernambués. 

Graffiteiros: Dokls e Igor


O graffiti foi escolhido como meio de expressão artística para esse trabalho por se tratar de uma arte acessível a todos, uma vez que é da rua e está exposta para todos que circularem pelo local. Essa ferramenta artística foi utilizada para denunciar o descaso pelas memórias históricas desse bairro, sobretudo no que diz respeito ao passado de resistência dos negros escravizados que se refugiavam no território de Cajazeiras. 

A primeira ideia pensada foi fazer intervenções de graffiti simultâneas em diferentes lugares do bairro, cuja localização tivesse sido parte de quilombo ou resguardasse alguma memória desse período. As intervenções fariam referências a essas memórias e seriam transmitidas pela internet para que outras pessoas tivessem acesso ao processo, além de fotografadas e filmadas para compor o material exibido em sala de aula.

Graffiteiro: Scanf


            Ao longo das pesquisas, descobrimos que o único local acessível em Cajazeiras que guarda um símbolo de memória dos quilombos é a Avenida Assis Valente, onde fica localizada a Pedra de Xangô ou Pedra do Buraco do Tatu: uma grande pedra de aproximadamente 7m de altura, que possuía uma fenda através da qual os escravos passavam para fugir em direção a Itapuã. Os outros lugares que pertenciam a territórios de quilombos não conseguiram ser identificados a tempo para o trabalho, pois a falta de informações sobre esses quilombos (e do próprio bairro) fez com que não conseguíssemos ter acesso a outros locais de forma exata, apenas especulada. Devido a isso, o nosso plano precisou ser readaptado e passou a consistir num painel de graffiti que homenageasse esse passado, construído no muro da Associação de Moradores de Cajazeiras X com a contribuição de diversos grafiteiros da cidade.

Graffiteiro: Lee27

 A ação contou com a contribuição dos artistas: Scanf, Black, Snay, Bigod, Chermie, Lee27, Mônica, Dokls, Igor, Quel, Nikol e Fumax, homenageando o quilombo do Buraco do Tatu e o Quilombo do Orobu, bem como as matas que os envolviam. O muro fica localizado na associação de moradores de Cajazeiras 10. Confira os resultados:

Graffiti de Bigod

Graffiti de Dokls e Igor
Graffiti de Lee27

Graffites de Chermie e Mônica

Graffiti de Scanf

 Para continuar a busca por fantasmagorias escondidas na história de Cajazeiras, foi criado o perfil @cajafantasma no Instagram.  Siga-nos e acompanhem as futuras ações!
 


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